domingo, abril 19, 2009

Qual o raio de sua incomodação¹?


Faz uma semana que estou em meu novo endereço, mudei, já que agora inicio minhas atividades como mestranda em filosofia, e digo ... dá trabalho. Tudo! Desde a mudança, adaptar-se em nova cidade com um novo ritmo, nova rotina e acima de tudo novos hábitos. Saio de uma cidade com o triplo de população e aqui consegue ser infinitamente mais barulhento. Tudo aqui faz barulho, agora sinto meus ouvidos doerem e sinto-me cansada por isso. Há barulho em todas as dimensões e tamanhos, passo a acreditar que o fundo causador desse barulho é o medo de se estar só (e sobre isto gostaria de falar em outro momento). Agora. Faz-se barulho por tudo, carros e sons altíssimos, sem limite para os simples humanos transeuntes, veículos barulhentos de fábrica ... vivemos do transito pesado, dependemos dos caminhões, dos ônibus, trens, aviões que a todo momento nos transporta ou nos poe ao alcance das mãos nas gondolas de supermercados, tudo o que desejamos. Barulho de máquinas dentro e fora de casa, eletrônicos, eletrodomésticos e nós, terráqueos. Causadores e mantenedores de toda essa barulhança ... ao andar, ao falar, ao bater o portão, ao gritar o vizinho, ao ouvir uma música (dentro ou fora do carro), ao comer, ao estudar (como alguém pode estudar no barulho?). Este mundo, da vida, que tenho enfrentado em pequena escala aqui ao lado de casa e em uma dimensão gigantesca quando se trata em “raio de incomodação”.
Eu que vez ou outra ouvia Mozart ou apreciava meu inigualável Almodóvar, estou em silêncio ... quero um minuto de profundo silêncio em todo o planeta. Eu ... ainda ouço o tecl tecl tecl tecl de meu teclado.


¹ Quero deixar claro o significado que tomo por “incomodação” nesse relato. Incomodação aqui trata-se no ato de incomodar, ou exteriorizar essa energia incomodadora, isto é, que incomoda.